segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Norte

"[...] O mundo, muito sempre, nos incomoda, nos pergunta, nos naufraga. Nem sempre ele é como como desejamos. Sua realidade pode não responder a nossos sonhos e isso nos assusta. Por vezes, as pessoas que vivem perto de nós parecem não nos compreender.

Somos capazes de levar o desassossego a quem nos ama. Assim, nos sentimos caminhando em direção contrária e estrangeiros entre muitos. A alegria nos parece longe e nossos passos se tornam sem um norte. Isso nos entristece, nos divide, nos sufoca, nos leva a perder o carinho pelo mundo, o cuidado com a vida.

O psicólogo tem um olhar que acaricia nossas dificuldades e tenta conhecê-las. Seu olhar parece escutar nossos segredos, sem espanto. Se falamos de nossos medos, perdas, abandonos, tristezas, desencontros, ele nos ouve sem preconceitos. Ele confirma e respeita todo sujeito como um ser liberto e singular.

O psicólogo nos convida, entretanto, a dialogar com nossas dúvidas e enfrentar nossos embaraços. Se procuramos abrir largas portas, vislumbrar verdes paisagens, perseguir estreitas trilhas, ele caminha a nossa lado, sem nos impedir de escolher nossos rumos. Ele nos motiva a passar nossa vida a limpo, a deitar cores sobre nossos dias, nos instigando a nos confrontarmos com nossos temores e angústias. E com ele desvendamos nossas coragens, tomamos posse de nossos limites. [...]

[...] A palavra desafia a dor. A palavra habita nosso corpo inteiro, desde o olhar até o silêncio. A palavra mora encarnada em nós. Se falamos onde dói, a palavra alivia nossa ferida. A palavra nos abre as asas para sobrevoar outras distâncias. A palavra, entre tudo, desbrava nossas divisas. Se nos expressamos, nos tornamos mais claros. Se nos escutamos, ganhamos novos pontos de vista para entender o mundo, mesmo tendo que secar as lágrimas. Ao nos manifestarmos, reinventamos nosso destino e recriamos nosso percurso[...]"
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