"[...] O mundo, muito sempre, nos
incomoda, nos pergunta, nos naufraga. Nem sempre ele é como como desejamos. Sua
realidade pode não responder a nossos sonhos e isso nos assusta. Por vezes, as
pessoas que vivem perto de nós parecem não nos compreender.
Somos capazes de levar o
desassossego a quem nos ama. Assim, nos sentimos caminhando em direção
contrária e estrangeiros entre muitos. A alegria nos parece longe e nossos
passos se tornam sem um norte. Isso nos entristece, nos divide, nos sufoca, nos
leva a perder o carinho pelo mundo, o cuidado com a vida.
O psicólogo tem um olhar que
acaricia nossas dificuldades e tenta conhecê-las. Seu olhar parece escutar
nossos segredos, sem espanto. Se falamos de nossos medos, perdas, abandonos,
tristezas, desencontros, ele nos ouve sem preconceitos. Ele confirma e respeita
todo sujeito como um ser liberto e singular.
O psicólogo nos convida,
entretanto, a dialogar com nossas dúvidas e enfrentar nossos embaraços. Se
procuramos abrir largas portas, vislumbrar verdes paisagens, perseguir
estreitas trilhas, ele caminha a nossa lado, sem nos impedir de escolher nossos
rumos. Ele nos motiva a passar nossa vida a limpo, a deitar cores sobre nossos
dias, nos instigando a nos confrontarmos com nossos temores e angústias. E com
ele desvendamos nossas coragens, tomamos posse de nossos limites. [...]
[...] A palavra desafia a dor. A
palavra habita nosso corpo inteiro, desde o olhar até o silêncio. A palavra
mora encarnada em nós. Se falamos onde dói, a palavra alivia nossa ferida. A
palavra nos abre as asas para sobrevoar outras distâncias. A palavra, entre
tudo, desbrava nossas divisas. Se nos expressamos, nos tornamos mais claros. Se
nos escutamos, ganhamos novos pontos de vista para entender o mundo, mesmo
tendo que secar as lágrimas. Ao nos manifestarmos, reinventamos nosso destino e
recriamos nosso percurso[...]"
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